📺 Decifrando Mensagens: Como Stuart Hall Explica o Que Realmente Entendemos da Mídia
Nesta sexta postagem, vamos conversar sobre como essa teoria rompe com a ideia de que comunicar é simplesmente enviar e receber mensagens. Mais do que isso: entenderemos por que o público nunca é passivo diante da mídia — e como isso abre espaço para resistências, negociações e novas leituras.
💬 Comunicação Não É Só Emissão: Codificar é Também Escolher o Que Mostrar
No modelo proposto por Hall, a comunicação não é uma linha reta entre quem fala e quem ouve. Em vez disso, ela funciona como um circuito. Tudo começa na etapa da codificação, que é quando a mensagem é produzida — por exemplo, a equipe que cria uma campanha publicitária ou um telejornal.
Nessa etapa, são usados signos, códigos culturais, referências visuais e linguísticas, que fazem sentido para os produtores da mensagem. Mas atenção: esses códigos estão carregados de ideologia, ou seja, de uma visão de mundo. Assim, cada palavra, imagem ou som transmite mais do que informação — transmite valores, crenças, intenções.
📡 A Circulação e a Decodificação: Quando o Público Assume o Controle
Depois de produzida, a mensagem entra em circulação. Aqui, ela viaja: pode estar num outdoor, numa postagem de rede social ou em uma reportagem. Mas, quando chega ao público, a mágica — ou o ruído — acontece.
É nesse momento que ocorre a decodificação, e Hall nos lembra que esse processo não é neutro. Cada pessoa interpreta a mensagem a partir de sua história de vida, cultura, classe social, gênero, etnia, entre outros fatores. Isso significa que a mesma mensagem pode ser lida de três maneiras diferentes:
Leitura dominante: quando o público compreende e aceita a mensagem como ela foi pensada pelos produtores.
Leitura negociada: quando o público entende a mensagem, mas adapta partes dela à sua própria realidade.
Leitura oposicional: quando o público rejeita totalmente o conteúdo e constrói um significado contrário.
📌 Exemplo cotidiano: imagine um comercial que mostra uma mulher cuidando da casa sozinha. Para algumas pessoas, isso pode parecer uma cena normal (leitura dominante). Outras podem pensar: “ok, mas e o parceiro dela?” (leitura negociada). Já outras pessoas podem interpretar como uma perpetuação do machismo (leitura oposicional).
🌀 Reproduzindo Sentidos: As Consequências da Interpretação
Essa fase é crucial para Hall, pois mostra que a comunicação só se completa quando produz consequências. E, mais uma vez, isso depende de como o público interage com o conteúdo.
🎯A Mídia Não Diz o Que Quiser e Nós Não Somos Esponjas
A teoria da codificação e decodificação de Stuart Hall nos ensina algo essencial: "a comunicação é uma prática cultural e política". Ela envolve disputas, silenciamentos e possibilidades de resistência. A mídia tenta nos dizer algo, mas nós sempre respondemos — mesmo quando escolhemos não ouvir.
Essa abordagem abre portas para pensarmos de forma mais crítica os conteúdos que consumimos diariamente, desde novelas e jornais até memes e videoclipes. Afinal, como Hall nos lembra, "a linguagem não espelha o real, mas constrói versões dele". Então, da próxima vez que você assistir a uma propaganda ou ler uma manchete, pergunte-se: Que mundo essa mensagem está tentando me mostrar? E qual mundo eu vejo a partir dela?
REFERÊNCIAS
HALL, Stuart. Encoding and decoding in the television discourse. Discussion Paper. University of Birmingham, Birmingham. p. 1-19, 1973. Disponível em: http://epapers.bham.ac.uk/2962/. Acesso em: 25 maio 2025.
Parabéns!
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